sábado, 1 de março de 2014

Os filhos são criados para o mundo

Quando se está acostumada a uma rotina puxada de obrigações e horários sempre corridos, poder ficar quatro dias dedicando-se exclusivamente ao ócio, me fez ficar meio "atarantada". Resultado: no primeiro dia decidi organizar cômodas, armários e mesinhas do quarto de meus filhos e, quando dei por mim, havia acabado o meu primeiro dia de folga, sem que eu tivesse lido nada, assistido nada, visto nada na internet, nem ido na casa de ninguém. E, apesar de tudo, foi bom, pois consegui colocar em ordem meus pensamentos e "arrumar" também algumas questões em minha mente.
Agora, cansada devido ao "levanta-abaixa" pra arrumar as coisas e ao sobe e desce escada pra trazer e levar coisas, sinto-me preparada para deixar fluir meus pensamentos e expor sentimentos que estão a algum tempo a rondar a minha mente. E não sei se posso dizer que me sinto pronta para a mudança que está por vir em minha vida, mas da mesma forma que todas as gavetas e vãos dos móveis que arrumei durante todo este dia estão em ordem, assim também está a minha mente. E já não me dói tanto imaginar que meu filho, de dezessete anos, estará indo para mais uma nova etapa da sua vida, saindo de "debaixo das minhas asas", para criar suas próprias asas e ensaiar seus "voos solos".
E tento encarar de uma forma mais leve esta nova fase em minha vida: a da mãe moderna, cujo filho universitário irá morar em outro estado, com outras pessoas, em busca da sua profissionalização e do seu crescimento acadêmico, afinal, Maceió é "bem ali", e, tal qual Pollyanna, busquei nesta situação todas as possibilidades para "brincar do contente".
Há um paradoxo engraçado em ser mãe, queremos que nossos filhos cresçam e conquistem sua independência, mas sofremos quando isto começa a acontecer; sonhamos com eles sendo universitários, com suas formaturas, suas famílias, mas sofremos por medo de perdê-los com a distância e, bem lá no fundo, gostaríamos que eles jamais saíssem de perto da gente, que eles sempre estivessem a depender de nós, para que nos sentíssemos "necessárias" de novo, tanto quanto éramos durante o período de lactação deles. E isto é "matéria para uma longa e profunda reflexão" em busca do auto conhecimento e da aceitação daquilo que é natural na vida: os filhos são criados para o mundo.
Portanto, melhor será não deixar que pensamentos de medo e de tristeza tomem forma novamente em minha mente, senão terei que passar meus três dias de folga que me restam ainda, arrumando e organizando todos os meus armários, cômodas, mesas, estantes e ainda ir prestar este serviço para vizinhos e familiares. Melhor aproveitar para curtir estes dias de ócio paparicando o meu filhote universitário para que ele sinta saudade quando se for, para sentir sempre vontade de voltar para o meu ninho. 
Que "o céu seja o seu limite" em todos os seus voos solos, meu primogênito.

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