sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

CARTA ABERTA AOS GOVERNANTES DO BRASIL

Senhores prefeitos, governadores e presidente,

Sou professora da rede estadual de Pernambuco há quase 23 anos, por isso ouso incomodá-los para falar sobre algo que faz parte do meu universo cotidianamente: a EDUCAÇÃO, pois necessito entender o que se passa na cabeça de um governante no que concerne a este tema.
Não discorrerei aqui sobre questões teóricas e/ou cientistas e estudiosos deste tema. Falarei sobre questões práticas do cotidiano escolar e da vida de um professor. Com qual propósito?  Levar ao conhecimento de todos os senhores o que representa a DEMOCRACIA E O DIÁLOGO DENTRO DA EDUCAÇÃO  e a repercussão na vida de um professor e de uma comunidade escolar.
Tornou-se comum vermos prefeitos, governadores e a presidente impondo leis e mudanças na Educação, criadas nos gabinetes refrigerados dos burocratas da educação que não correspondem à realidade das comunidades escolares. A mídia, que quase sempre se omitia, passou a divulgar apenas as que tomam uma proporção maior nas redes sociais. E nem sempre primam pela veracidade, chegando às vezes a "maquiar" e omitir determinadas verdades e fatos. Poderia listar aqui inúmeras situações no município em que moro, no estado do qual faço parte ou no grande engodo da Pátria Educadora e o trato que vem sendo dado às universidades federais. Entretanto, não o farei. Não agora.
Ilustres senhores e senhoras, prefiro lhes falar sobre o quão paradoxal que é esta atitude autoritária de imposição de mudanças na vida de uma comunidade escolar, formada por cidadãos brasileiros, que pagam impostos para terem direito a bens básicos: EDUCAÇÃO, SAÚDE, TRANSPORTE, SEGURANÇA PÚBLICA. Que deveriam ser, no mínimo, de qualidade e atender às reais necessidades de cada comunidade.
Pois bem, e o que fazem os ilustríssimos senhores cujos poderes foram delegados por nós através dos votos da maioria? Decidem, ao seu "bel prazer", impor mudanças, consideradas boas por Vossas Senhorias, sem que as comunidades sejam ouvidas.
Diletos senhores, como ficam os nossos alunos numa situação imposta por vocês de "exercício de tirania e de ditadura" quando eles aprendem conosco sobre a importância da democracia para o exercício eficaz da cidadania?
Que ensinamentos levarão para a vida estes jovens que estão sendo severamente reprimidos e perseguidos quando estão fazendo uso de seu direito de protestar contra atos e ações governamentais que só irão dificultar e piorar as suas tão sofridas vidas de alunos de escolas públicas? 
O que pensar de um governante que foi eleito democraticamente, mas que desconhece o real signicado deste termo?
E se, ao invés dos nobres senhores ficarem "inventando modas e modismos, passassem a investir 100% as verbas da Educação na EDUCAÇÃO? Teríamos então jovens mais bem preparados para a vida, um povo mais esclarecido e um país com menos corruptos e livre da pior mazela social brasileira, a CORRUPÇÃO.
Ah, mais isso não interessaria aos que detém o poder em nosso país, pois um povo esclarecido seria mais difícil de "manobrar", de explicar "pedaladas fiscais", "dinheiros na cueca ou em contas fantasmas no exterior" "urnas fraudulentas" e tantos outros escândalos que vêm assolando municípios, estados e a federação brasileira nos últimos anos.
Agora refiro-me especialmente ao ilustre Governador de São Paulo e ao seu nobre secretário de educação, como já fiz, neste mesmo canal, há alguns anos ao então governador de Pernambuco e ao seu secretário: RETROCEDAM EM SUAS DECISÕES, ABRAM-SE AO DIÁLOGO, OUÇAM OS DIVERSOS SEGMENTOS QUE COMPÕEM CADA UNIDADE DE ENSINO, RESPEITEM AS PARTICULARIDADES DE CADA COMUNIDADE. RESPEITEM PARA SEREM RESPEITADOS.
SOU PROFESSORA, NÃO "ESTOU" PROFESSORA. MAS TODOS VOCÊS "ESTÃO" PREFEITO, GOVERNADOR E PRESIDENTE.
Parodiando Quintana: VOCÊS PASSARÃO, EU (NÓS PROFESSORES) PASSARINHO.

Atenciosamente,

Maria Aparecida de Lima - PROFESSORA DA REDE PÚBLICA ESTADUAL - ÁGUAS BELAS - PE.