sexta-feira, 29 de março de 2013

Desejos felinos

Filhos são sempre surpreendentes.
Os anjos que Deus nos dá para nos fazer seres humanos melhores, por vezes nos surpreendem, mesmo quando achamos que tudo sabemos sobre eles, afinal os consideramos nossas crias, nossas criaturas, bem por isso acreditamos que os conhecemos como "a palma de nossas mãos". Entretanto, esquecemos que eles são seres cuja trajetória foi traçada por Deus e vivenciada por eles, a cada instante, e, para isso, eles não necessitam de nossa "aprovação". Eles apenas vivem e a nós, mães, restam-nos apenas o papel de expectadoras de suas vivências.
Há alguns dias me surpreendi com Rafinha, exercendo seu poder de argumentação, à mesa do café da manhã, para convencer a mim e ao pai dele a deixá-lo adotar um gatinho, filhote ainda, cujo nome ele já nos foi solicitando ajuda para escolhermos com ele. Dinho ou Dinha, dependerá do filhote, cuja escolha ele já fez na ninhada do vizinho, entretanto ainda não soube identificar o sexo do bichano.
Diante do exposto, só nos restou "impor algumas condições" e aceitar a experiência felina. A partir daí, ele já começou a pensar na casinha, nas obrigações, nos brinquedos e tudo o que a sua imaginação infantil conseguiu arquitetar.
Fato consumado. Em estado de espera, comunicamos a Gui sobre o novo habitante que em breve chegará. Novas ponderações, novos argumentos.
Todos à espera do grande dia!
Eis que hoje surge um gatinho abandonado na ruazinha atrás da nossa casa. Vi-o, quando estava saindo, com os seus olhinhos enormes e tristes a me olhar. Voltei. Busquei um pedaço de peixe e o servi. Aparece o vizinho e me mostra que já havia dado leite a ele. Saí com a consciência "franciscana" de ter feito uma boa ação. 
Algumas horas depois, recebo uma ligação de Gui, falando-me sobre este filhote de gato que ele também havia visto, e lá vamos nós para mais uma rodada de argumentos e ponderações. Cujo argumento mor é: se vamos adotar um gatinho, por que não um que já está abandonado? Ou por que não podemos ter os dois? Entretanto, esta argumentação é insuficiente, esclareço para ele que conviver com um felino já será para mim um sacrifício, imagine com dois. 
Ao voltar para casa, surpreendo-me ao me deparar com as sobras de quatro banquetes servidos para o gatinho, sinal que outros vizinhos também haviam se sensibilizado com o seu olhar abandonado; sonolento agora, após farta comilança. E cujo veto meu a sua adoção, rendeu-me um olhar pensativo e triste do meu Gui. E um belíssimo texto, feito por ele, motivado pelas suas dores: da percepção do abandono felino e da impossibilidade da sua adoção. O qual, em minha corujisse transcrevo-o:
Gatinha

Acaso Gatinha,
Cometeste algum pecado?
Mal chegaste a esse mundo,
(E és recebida com)
O apertado abraço da fome,
E o frívolo beijo da solidão...

Gatinha amiga minha,
Tens ideia de quão grande é o mundo??
(150 milhões de quilômetros)
E o "bicho homem" domina essa terra tão vasta,
São mais de 7 bilhões da espécie dos "serumanos".


Mas gatinha não tema,
Achas que isso importa algo para mim?
Pois nenhum desses "senhores da terra",
Tem um olhar tão belo!
(Mesmo carregando tanta tristeza e angústia)
Quanto o seu...

(Guilherme Alves)
Foto: Minha cara Gatinha,
Porque a vida lhe é tão madrasta?
Se diante dos olhos do criador,
(Ou da criatura)
Es ainda um ser imaculado,
Como o puro verde dos seus olhos...

Acaso Gatinha,
Cometeste algum pecado?
Mal chegaste a esse mundo,
(E es recibida com)
O apertado abraço da fome,
E o frivolo beijo da solidão...

Gatinha amiga minha,
Tens ideis de quão grande é o mundo??
(150 milhões de quilometros)
E o "bicho homem" domina essa terra tão vasta,
São mais de 7 bilhões da especie dos "serumanos".


Mas gatinha não tema, 
Achas que isso importa algo para mim?
Pois nenhum desses "senhores da terra",
Tem um olhar tão belo!
(Mesmo carregando tanta tristeza e angustia)
Quanto o seu...

(Guilherme Alves)Foto by Guilherme Alves.


quinta-feira, 28 de março de 2013


Início de ano, ainda em busca de administrar o meu tão corrido tempo, visando conciliar todas as minhas atribuições de professora, de mãe, de dona de casa, de artesã, de sócia de loja de artesanato, de tia, de esposa, de escritora, de leitora e de “adolescente descobrindo os prazeres do facebook”, enfim, começando a saber o que devo ou não fazer em meus momentos “livres”.
Entretanto, já estou com muitas produções e projetos em andamento com as minhas turminhas deste ano: quatro turmas de terceiro ensino médio; duas de oitava; duas de primeiro ensino médio e uma de quarto normal médio, entre essas ações, hoje iniciarei mostrando alguns dos mini contos produzidos pela galera da 8ª série, turma A, após lermos e analisarmos uma série de mini contos, propus a eles que criassem os seus.
Em primeira mão, apresento-lhes as produções dos mini contos. Peço-lhes apenas uma coisa: concedam a eles o desconto por ser a primeira produção textual deste ano.

“ Passarinho
Um lindo passarinho olhou para o seu ninho, bateu asas e voou.”
(Daiane Ciríaco”

“Danadinha
Eu já estava com aquilo formigando na cabeça, não um problema, a danada da formiga não saia dali.”
(Mírian Martins)

“Sem saída
E agora, o que faço com esse amor? Fujo, tremo ou declaro? Encaro esse meu amor ou será que me calo pra sempre?”
(Roselma Silva)

“O casal perfeito
Eu o Sol e você a Lua”
(Cícero Bezerra)

“O jardim
O jardim está florido, uma linda menina aprecia suas flores com carinho e amor.”
(Aparecido Martins)

“Nós dois
Eu e você. Você e eu.”
(Osmar Ventura)

“A tristeza
Hoje te vejo com vontade de brincar, amanhã não te vejo. Choro sem parar.”
(João Vítor)

“Um amor
Se entre duas pedras nasce uma flor. Por que entre dois amigos não nasce um amor?”
(Natália Feitoza)

“É gol
Aos 45 do segundo tempo, de cara com o gol, ele olha para o goleiro, faz uma gracinha, pedala, chuta na rede. É gol.”
(Thalia Melo)

“Homem gol > Atacante
Ele olhou para os quatro cantos do estádio, para a torcida, pro goleiro. Bateu. Goool do Piracetuba!
(Maurício Sobral)

“O amor não correspondido
A menina ama um menino. O seu amor não é correspondido e ela não consegue ficar longe dele. Ela fica em casa, chorando muito.”
(Maria Victória)

“O trauma da menina com os pintinhos
De tanto pinto que a mãe criava, a menina pegou um trauma, toda vez que os pintos piavam, ela corria gritando com uma vassoura na mão para matar os pobres pintinhos.”
(Maria Leonália)

“Mini conto
O menino ontem dormiu. O menino hoje acordou, foi para a escola todo alegre e todo triste voltou.”
(Raul Marques)

“De um lugar para o outro
Saio de casa para pegar o micro ônibus, depois pego o ônibus para vir à escola. Tadinha de mim.”
(Gabriele Gama)

“O vento
Passou derrubando tudo e fazendo poeira. Tudo isso em um só instante.”
(Iara Gama)

“Tudo ou nada
Você pensa que sua vida não vale nada. Digo-lhe: é do nada que tudo começa.”
(Eduardo Ventura)

“Joana e Oscar
A mulher foi embora as oito horas da noite, porque não gostava do marido, pois ele tinha o cabeção. Ela foi embora da sua casa e todos os dias o homem chora com saudade dela.”
(Flávio Barboza)