segunda-feira, 17 de março de 2014

Façamos juntos o "mea culpa"

Há algum tempo venho analisando de maneira imparcial o nosso sindicato, o SINTEPE, e, apesar de saber que algumas pessoas não estão preparadas para receber críticas, decidi expor alguns dados para que possamos refletir juntos sobre a falta de união da classe docente pernambucana (que gera mais crise na Educação de Pernambuco), pois é bastante comum vermos os professores sindicalistas e sindicalizados criticarem os colegas professores, colocando nestes toda a culpa pela desunião da nossa classe.
Como professora há mais de 20 anos nesta rede, passei por três governos estaduais, e, pelo que me lembre, em tempos de greve e/ou paralisações a posição do SINTEPE diante dos governos anteriores a este, era bem mais firme. Quando este último governador assumiu, o SINTEPE modificou a sua postura, chegando a "parecer imparcial" em determinadas situações, quando deveria estar do lado da classe que o constituiu para lhe defender: os professores. Estas "omissões" por parte do SINTEPE, ficaram bem aparentes em tempos de greves e paralisações: quando os professores tiveram dias de greve descontados sem o direito de fazer a reposição das aulas não dadas; quando a polícia foi chamada para perseguir e prender professores durante greves e paralisações; quando nada fez contra todas as injustiças e perseguições impostas aos professores; quando pouco ou nada fez para evitar que o SASSEPE chegasse ao ponto que chegou e para evitar que o Governo fizesse tantos contratos temporários, quando poderia fazer concursos públicos para preencher as vagas existentes nas escolas,   entre outras coisas. 
Apenas depois que houve o rompimento entre o atual Governo de Pernambuco e o Governo Federal,  mais precisamente entre dois partidos políticos é que o SINTEPE começou a se posicionar contra os desmandes do atual Governo Estadual. Porém o SINTEPE já estava desacreditado diante de toda a classe de professores estaduais e talvez seja por isso que os nossos colegas professores se transformaram no que são hoje, profissionais amedrontados, adoentados e mal pagos.
Por isso, faz-se necessário termos um sindicato que fique à parte da política partidária, que fique apenas a favor da nossa categoria, lutando pelas melhorias que necessita a Educação no estado de Pernambuco. 
Chega de envolvimento político-partidário do SINTEPE! 
Não é hora de ficar servindo de trampolim para partidos e seus políticos! 
É hora de lutar de fato, agindo sem manipulação, nem politicagens, sem ficar livrando a cara de ninguém, nem fazendo apologias a quem quer que seja! 
O que de fato o SINTEPE fez em relação aos descontos dos 3 dias de parada e de proibição de reposição do ano passado? É bom refletirmos sobre isto também!
Pois se eu continuo participando das greves e paralisações é porque os descontos que sofrerei em meu pagamento, não me farão passar mais privações do que já passo, entretanto sei de colegas cujos salários são a única fonte de renda para sustentar a sua família. E, se já temos o "prazer" de recebermos o pior salário pago a um professor estadual no país, imagine então se este vier com descontos?
Participo e continuarei participando de todas as paralisações e greves que venham a acontecer, mas já com a certeza terrível de que pouco ou quase nada se conseguirá com isto, pois as mudanças teriam que ser bem mais profundas, os discursos teriam que ser repensados, as críticas teriam que ser bem mais fundamentadas.
Afinal fazemos parte da ELITE CULTURAL deste estado e temos em nossas mãos o poder de modificar o mundo: lidamos com jovens e crianças cotidianamente e, se aos governantes somente a política partidária eleitoreira interessa, melhor que tenham mais respeito por nós, pois estamos diariamente com os seus futuros eleitores!
E se temos este poder em nossas mãos, é bom que reflitamos sobre que exemplos de cidadania estaremos dando aos nossos alunos se sequer conseguimos nos impor diante da sociedade para que esta nos perceba como "CLASSE NECESSÁRIA" para a construção da cidadania?
E se fazemos parte de um sindicato, por que também não exigir dele uma postura mais atuante para que a confiança nele seja restaurada em todos os nossos colegas professores que estão preferindo a omissão ao invés da luta?
Se o momento é de promover união para gerar força, esqueçamos o maldito "a culpa é de" e façamos juntos o "mea culpa".

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