Hoje, enquanto estive como fiscal do ENEM na EJRC, pude presenciar um ato de amor paterno que muito me emocionou e que me fez ter vontade de prestar uma homenagem aquele senhor tão simples, de mãos calejadas e trêmulas de emoção, com toda a sapiência de quem já viveu 63 anos e que se apresentou para fazer as provas do ENEM, cuja inscrição ele fez por incentivo do seu filho.
Você então pensará "amor paterno? não seria 'amor filial'?"
Sim, amor paterno, pois com a voz embargada e as mãos trêmulas, este senhor me informou, na hora em que estava assinando a lista de frequência para entrar na sala, que aquele menino, cujo nome estava logo acima do seu, não iria estar presente para fazer as provas, pois era o seu filho, falecido há apenas vinte dias, em um acidente de moto.
Disse-me também que os dois haviam feito as inscrições para o ENEM juntos para "um dar força ao outro", e que, devido à tragédia ocorrida, ele havia decidido não vir mais fazer as provas, entretanto, na última hora, ele decidiu vir em homenagem ao filho.
Confesso que, naquele momento, eu procurei forças para falar tranquilamente e dizer palavras que lhe transmitissem coragem e também a minha admiração, pois ao ver aquele pai, passando por cima da sua dor tão recente ainda, para homenagear de maneira tão bela o seu filho, eu me senti profundamente tocada por este ato.
A simplicidade daquele homem do campo, a tristeza no olhar e aquelas mãos trêmulas durante todo o tempo em que esteve fazendo as provas, provocou em mim uma admiração profunda, que me fez repetir por toda a tarde pequenas orações a Deus para que enviasse os seus anjos para fortalecê-lo e ampará-lo e também para que Deus permitisse que o seu filho pudesse ver o extremo gesto de amor que o seu pai demonstrava por ele naquele momento.
Amor paterno é algo que a sociedade, mesmo nos tempos atuais, não faz muito "alarde", não porque não exista ou porque seja menor que o materno, talvez por conta da forma menos "chamativa" como se apresenta ou talvez por conta dos homens serem mais sisudos ou talvez por conta... Como saber? Não é muito comum transparecer este amor, principalmente entre as pessoas mais simples ou as mais idosas.
Senhor João Marinho, o seu ato de extremo amor e doação ao seu filho João Marcos, muito me tocou e me emocionou ao ponto de sentir vontade de externar aqui a sua homenagem ao seu filho, como uma forma também de homenagear o senhor.
Que Deus receba o seu filho em sua morada e envie os seus anjos para proteger o senhor mais uma vez amanhã, no segundo dia de provas.
Que Deus receba o seu filho em sua morada e envie os seus anjos para proteger o senhor mais uma vez amanhã, no segundo dia de provas.
Quero lhe dizer também que o senhor, com este gesto tão lindo, tornou-se para mim um ícone do amor paterno, pois um homem simples, trabalhador do campo, que aos 63 anos de idade, após passar pela extrema dor da perda de um filho e, apenas vinte dias depois, consegue encontrar forças para homenageá-lo participando da maratona de provas do ENEM, é digno de toda admiração e respeito por este ato de amor paterno tão incomum.
Que Deus os fortaleça: ao senhor e ao seu filho querido!
Que Deus os fortaleça: ao senhor e ao seu filho querido!
Nenhum comentário:
Postar um comentário