segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Há uma crônica que não quer calar em mim, desde às cinco e quinze da manhã de hoje (03/10), quando levantei-me e desliguei minha TV do quarto, que, infelizmente, não tem nenhum desses recursos tecnológicos tão alardeados nas propagandas publicitárias e que estão presentes nas TVs que se prezem da atualidade.
Entretanto, esse mero detalhe não me impediu de ficar ligada nela durante toda a noite de ontem, à espera de assistir ao último show do  Rock in Rio/2011, como uma forma de suscitar em mim todos os sentimentos adolescentes que um dia nutri pelo Axl Rose e todas as emoções  vividas embaladas pelas músicas do Guns N' Rose.
Foi uma noite inusitada, entremeei momentos de sonos profundos, com direito a sonhos fantásticos, e momentos em que, acordada, via flashes dos shows que antecederam a banda norte americana, até que a chuva me acordou. Incrível falar isso agora, mas foi graças ao toró que caia no Rio de Janeiro, que eu consegui despertar de vez, pois por um momento cheguei a pensar que o show poderia não ocorrer devido ao dilúvio que teimava em desabar na madrugada carioca.
Desperta e apreensiva com essa possibilidade, senti frio, como se estivesse lá com os demais fãs, debaixo da chuva torrencial, ou porque a frieza das madrugadas de setembro já houvesse chegado aqui, não sei, sei apenas que a minha apreensão misturou-se  a todas as das outras pessoas que naquele momento estavam lá ou em suas casas.
A minha apreensão se fez maior, quando percebi Zeca Camargo apreensivo e titubeante em suas explicações; quando vi se arrastando os reprises de outros shows daquela e de noites anteriores. Lentamente, um leve torpor foi me dominando e cochilei, pra ser despertada enfim pelo Axl Rose. Não aquele que embalou meus sonhos adolescentes, mas um outro, cuja capa amarela, chapéu e óculos escuros, não me permitiram perceber nele o "meu" Axl.
Pois o "meu" Axl, nada tinha daquele senhor, de rosto redondo, cabelos desgrenhados e barriga saliente. E minha apreensão voltou. A capa amarela foi tirada, os óculos e o chapéu também e eu, enfim, compreendi: o tempo não passou apenas para mim, pobre mortal, passou também para aquele homem que um dia foi sex symbol e povoou os sonhos de milhares de mulheres. 
O "meu" Axl deixou de ser um jovem, sexy, lindo, músculos definidos e agora é um senhor de meia idade, com bigodes, filhos adolescentes e alguns "quilinhos" a mais. Constatação difícil de se fazer. Ou, como diriam os meus alunos: FATO!
A partir daí, deixei de procurar naquele senhor, o "meu" Axl e fui curtindo o show, buscando então, "aquela voz" que apenas ele tinha e que veio à tona quando ele cantou "Sweet Child O Mine" naquele momento me vi adolescente, sonhando embalada ao som das músicas do Guns.
A vida é assim, o tempo é assim. Não perdoa. E passa igual para todos: astros, estrelas, pessoas comuns, entretanto, só nos damos conta de sua passagem, quando nos deparamos com o envelhecimento de alguém, aí nos percebemos envelhecidos também e, tal qual Cecília Meireles, em seu poema Retrato, nos damos conta de que, enfim deixamos de ter um corpo jovem, porque o espírito só envelhece para aqueles que querem.
Se o "meu" Axl Rose se foi, aquela menina  sonhadora e magricela que eu fui um dia, também se foi. Fato.  Somos agora pai e mãe de adolescentes: ele dos dele e eu dos meus. Claro!

Profª Cida Quelé

Um comentário:

  1. DEPOIS EU O BATIZAREI, RSRS... POR ENQUANTO FICA SEM TÍTULO... OU, OS LEITORES PODERÃO SUGERIR TÍTULOS... SEREM PADRINHOS....RSR

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