segunda-feira, 16 de junho de 2014

Rosi e o seu imenso amor pela vida

Há algumas décadas, quando atravessava a fase mais difícil da vida de uma pessoa, a adolescência, conheci e convivi mais de perto com uma pessoa linda, que, apesar de todas as limitações impostas pelo seu corpinho frágil, devido à poliomelite que a acometera na infância, era uma pessoa forte, lindamente forte e sonhadora. E nunca a vi se queixar de nada, nem se lastimar ou se lamentar devido as suas limitações.
Uma menina-moça bem humorada, vaidosa, carinhosa e muito leal em suas amizades. E vivemos bons momentos juntos, pois perto dela todos nós esquecíamos aquelas idiotices que às vezes nos faziam chorar e se lamentar, como uma espinha que aparecia antes de uma festa programada, ou o paquera que começava a namorar com alguém antes que tivéssemos a chance de nos declararmos. Como sofrer por tão pouco, se tínhamos Rosilene tão forte ali do nosso lado?
Rosi e sua cadeira de rodas, que a pintamos de rosa, sua cor preferida, e que tínhamos prazer em sairmos a empurrá-la "rua acima e rua abaixo". Até o dia em que ela apareceu com a sua cadeira motorizada, tornando-se independente e ganhando o mundo com uma liberdade maior.
Rosi e seus belíssimos bordados, sempre a lhe ocupar o tempo e os sonhos e a lhe render algum dinheiro, para que se sentisse mais independente ainda.
Rosi e o seu imenso amor pela vida, pelas pessoas, por tudo que fosse belo e que indicasse movimento, juventude. E vibramos juntos quando ela passou no vestibular e sofremos juntos quando ela não pôde continuar estudando, pois o prédio da faculdade não era adaptado para cadeirantes e ela não se sentia bem por não poder ser independente também lá na faculdade. Mas que nem isso lhe tirou a felicidade de viver e ela foi ser funcionária pública, trabalhar na secretaria da EJRC, sempre sorridente, afinal retornava para a sua escola do coração, deixando de ser apenas uma ex-aluna.
E vieram as "atribulações da idade adulta", que nos afastam de pessoas que deveríamos estar sempre perto, e passei a ver Rosi tão pouco, mas sempre que a encontrava, ela estava com o seu sorriso largo, seu olhar meigo, sem cobranças, nem perguntas. Sorrindo e acolhendo a mim e a todos que faziam parte da vida dela. 
Rosi que hoje foi para junto de Deus, continuar sua caminhada, agora sem mais necessidade de uma cadeira de rodas, pois com certeza estará amparada por anjos, aos quais, não tenho dúvidas, ela solicitará que estejam todos vestidos de rosa, em variadas nuances, e por conta da sua cara de sapeca e de suas gargalhadas felizes, todos irão concordar imediatamente.
Rosinha, minha doce amiga, seja feliz, jamais esquecerei o exemplo de vida que você deixa para todos aqueles que tiveram a sorte de lhe conhecer. 
Guardarei as doces lembranças de tantos momentos bons que compartilhamos.
Até qualquer dia!

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