segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Crônica surreal de uma madrugada insone ou Crônica de uma morte anunciada... a decidir

Ser professor atualmente da rede estadual de Pernambuco é viver constantemente na "corda bamba", é padecer sem paraíso, é viver sempre à espera de algo pior, de novas cobranças, de novas "invencionices" que são arquitetadas pelos altos inimigos da educação de qualidade: os burocratas da educação, aqueles que, do seus mais altos cargos e poderios, decidem o que nós professores, "reles mortais", iremos fazer no nosso dia-a-dia, em nossas horas/aulas em nossas escolas e em nosso "tempo livre", em nossas casas: JORNADA TRIPLA. Afinal professor não é gente, é máquina!
Fico imaginando como deve ser a rotina destes "seres superiores e magnânimos" dentro da "cadeia alimentar" que vem se tornando a Educação em Pernambuco nos últimos anos e me vem à mente algo tão surreal quanto a nossa situação atual.
Em um dia qualquer da semana, a Srª Z, ou o Sr. Y, não importa a denominação, importa apenas que é um membro das "altas esferas" da Educação de Pernambuco, chega, ao prédio aonde está instalado o seu gabinete, que deve ser reluzente, impecável, cuidado com esmero por sua equipe, toda composta por robôs, sem sentimentos, que estão ali apenas para servir a este"nobre ser" e ao seu grupo, sem jamais ousar questionar nada.
Aí por volta das 10 da manhã, nunca antes disto, a magnânima figura humana(?) adentra o recinto da sua sala, aonde lá já deverão estar perfilados todos aqueles que irão atender aos seus caprichos. Vira-se para uma das suas secretárias e indaga sobre quais "despachos" terão que analisar hoje. Pois afinal de contas já foram implantadas tantas "maravilhas na educação pernambucana": SAEPE, SIEPE, OTM, desativação do PCC, diários virtuais, CAED, escolas de referência, monitoramento, ufa, uma longa lista. E fica sabendo que, para hoje, precisarão decidir quais escolas da rede estadual terão que desarticular, municipalizando-as inicialmente e depois "doando de papel passado", afinal de contas, a "máquina estadual" precisa ser enxugada, não se necessita ter tanta escola!
Em seu mapa, que deve ser algo altamente tecnológico, todo virtual, saltam ícones em 3D e a ilustríssima figura, procede ao "escolhimento", utilizando uma tecnologia inovadora: UNIDUNITÊ e escolhe: ESTA, apontando para um dos inúmeros ícones, que representa uma escola de grande porte, mas que isto não vem ao caso, inserida lá no interior, depois mais outra, mais outra e mais outra. E diz, impiedosamente: "Comuniquem aos executores, publiquem em minhas mídias e executem!" 
Neste momento "primordial e essencial para o aprimoramento da educação pernambucana" pensaria alguém da sua equipe em comunicar oficialmente e pessoalmente às comunidades que compõem aquelas míseras escolas escolhidas, ao menos para inventar desculpas paliativas, palavras amenizantes ou algo que o valha?
NÃO. 
"Não há necessidade!" Dirá este ser superior. "Deixe-os terem a honra de saberem através das mídias, afinal eles são seres que estão muito abaixo da 'linha de raciocínio', não precisam que nos demos a este trabalho. Inclusive, entre eles, há alguns professores perniciosos para o sistema, pois são 'metidos a questionadores'."  E complementa: "daremos a eles o direito de escolher entre correr e o bicho pegá-los e ficar e esperar o bicho comê-los".
Lá por volta das 11, encerra-se o seu "dia estafante" de trabalho, com a sensação do dever cumprido e da "melhoria das metas educacionais também cumpridas", e este magnânimo ser, retorna para o seu "castelo encantado, no Mundo do Faz-de-Conta", bairro chique e elegante da capital pernambucana, aonde devem viver inúmeros outros seres altamente produtivos, cujos trabalhos são essenciais para que se perpetuem determinados seres e grupos no poder.
Como ficarão todas as comunidades externas e internas que compõem cada uma daquelas escolas escolhidas para serem "agraciadas com a municipalização"? 
NÃO SEI. SÓ SEI QUE FOI ASSIM.

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