sexta-feira, 16 de maio de 2014

Fugir pra Pasárgada seria a solução?

Conviver com jovens e adolescentes todos os dias, faz com que nos renovemos a cada instante, pois sempre temos algo a aprender com eles e com o mundo que é só deles, com coisas que só eles entendem e com suas formas de pensar tão diferentes das minhas quando tive a idade deles.
Para eles, inclusive, nós professores nascemos "quarentões", nunca tivemos a idade deles, nunca passamos pelo que eles passam. Já nascemos assim: seres maduros, assexuados e que temos o dever de sempre o compreendermos e seguirmos no ritmo deles: intenso para aquilo que lhes interessa e moroso, quando trata-se de coisas que eles consideram "supérfluas", como estudar, por exemplo.
Todos os dias, além de preparar aulas, exercícios, atividades, textos e tudo o mais para vivenciar os conteúdos em sala de aula, tenho também que elaborar "discursos motivacionais", usando psicologia, religiosidade, afetividade, chantagem e tudo o mais que eu possa "apelar" para que eles se interessem pelo que eu irei trabalhar em minhas aulas.
E tudo isto cansa, desgasta e me dá um sentimento de impotência e de incompetência diante dos resultados obtidos nas provas bimestrais. Nada valeu! Nem as explicações, nem os materiais elaborados, nem os estudos solicitados e muito menos a "lenga-lenga motivacional". 
O que fazer então?
Continuar fingindo que tudo está bem? Continuar insistindo numa prática cujos resultados deixam muito a desejar? Fugir pra "Pasárgada"? 
Não sei.
Só sei que pela primeira vez, em mais de 21 anos de profissão, sinto que, se eu pudesse, deixaria de ser professora. Sairia de vez da educação sem nenhum remorso. Começaria do zero: outra faculdade, outra profissão, outra vida.
Em que isso resolveria os problemas detectados por mim em meus alunos? Em nada. Eles todos continuariam lá, entretanto, eu poderia estar abrindo espaço para outras mentes mais jovens ocuparem o meu lugar e, quem sabe, de jovem para jovem, as soluções não surgissem?
Contudo, como nunca tive vocação para "avestruz", não me esconderei, não "fugirei para Pasárgada" ou para qualquer outro lugar, imaginário ou não, ficarei e tentarei me renovar a partir dos meus alunos e da juventude deles. 
Decisão tomada, resta colocar em prática. Só preciso descobrir como. 




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