sábado, 14 de setembro de 2013

A poesia e a magia que há em ensinar

Hoje não falarei de coisas ruins, por um instante esquecerei todos os problemas pelos quais estamos passando na EJRC. 
Hoje falarei de poesia e da magia que existe no ar quando nós professores planejamos e propomos atividades artísticas e culturais aos nossos alunos. Com que esmero eles se dedicam, se entregam ao trabalho árduo, cansativo, repetitivo e sempre nos surpreendem com os resultados! 
Aluno da EJRC traz na veia o talento e o "amostramento" artístico que é característico de quem é filho do Velho João. Foi assim comigo, foi assim com os meus primeiros alunos e está sendo assim com os alunos daqueles que um dia foram meus alunos.
Ontem, 12 de setembro, me emocionei demais ao assistir o recital de poesias do Projeto Vozes de um Túmulo - Augusto dos Anjos, dos alunos dos 8ºs anos da Professora Vilca. 
A portas fechadas, no mini auditório, apresentado para duas turmas a cada vez, em dois turnos, cada artista declamou sua poesia quatorze vezes  (se não errei a conta). Algo bem extenuante para um pré-adolescente, entretanto, a não ser pela voz rouca de alguns, nas últimas sessões, a felicidade era tanta que não demonstravam cansaço ou indisciplina.
Naquele momento, ao ver aqueles jovens, com figurino a caráter; o cenário impecável: com iluminação à luz de velas; a música; o caixão; o couveiro; a morte; cada detalhe refletindo o esmero com que tudo fora preparado pelos alunos e pela professora, senti como se um filme estivesse passando em minha mente e "viajei", revendo uma boa parte dos projetos que já vivenciei com os meus alunos em parceria com outros colegas: recitais, dramatizações, gincanas, desfiles, saraus, festivais, feiras de talentos, exposições e não segurei as lágrimas.
Lágrimas, que não sei se pela magia do momento ou se pelas situações enervantes dos últimos dias, sei que travei uma enorme batalha para contê-las e não cair num pranto alucinado, que mesmo estando aos pés do caixão, não sei se conseguiria disfarçar fingindo ser apenas uma figurante.
Quanto talento cabe em corpinhos tão frágeis? Em seres que tanto trabalho nos dão em sala de aula por conta do excesso de energia?
Quanto amor cabe na dedicação de uma professora com carga horária de 350 aulas, distribuídas em duas escolas?
Qual tempo sobra para esta professora, tão jovem, tão idealista, tão perfeccionista se dedicar ao seu marido, a sua casa, aos seus livros, ao seu lazer? 
Quanto vale a felicidade estampada no rosto fatigado dos alunos e daquela jovem professora?
Quanto vale a minha emoção e a de todos os professores ao verem os seus frutos dando frutos e reconhecendo a sua participação em suas formações?
Nada paga esta felicidade do trabalho feito, do trabalho reconhecido.
E ninguém poderá nos tirar esta sensação do dever cumprido!

Eis algumas fotos:





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